"Você precisa escutar a existência,
e não dizer algo".
"Se falar, a quem escutará"?
OSHO
23 Feb 2014
Religião é um sentimento oceânico, onde você fica perdido e somente a existência permanece.
É uma morte e uma ressurreição.
Você morre como é, e ressuscita totalmente novo.
Algo absolutamente novo surge da morte, do antigo.
No túmulo do antigo algo brota e se torna uma nova flor.
A religião é uma revolução interior, uma mutação interna.
Ela não está nos templos, nas mesquitas ou nas igrejas.
Não procure a religião aí!
Se procurar aí, perderá seu tempo.
Procure a religião dentro de você.
E quanto mais fundo você caminhar, mais profundamente encontrará o ego presente — o qual é a barreira.
Abandone essa barreira e, subitamente, você fica religioso.
Só existe uma coisa que não é religiosa, e essa coisa é o ego.
E esse nunca pode ser religioso.
E as seitas jamais o eliminam; pelo contrário, elas o reforçam.
Através de rituais, templos e ideologias, o ego é reforçado.
Você vai à igreja e sente que se tornou religioso.
Um orgulho sutil surge dentro de você.
Você não se toma humilde, pelo contrário, fica mais egotista.
Você pratica um certo ritual e se sente gratificado — e começa a condenar aqueles que não praticam o ritual.
Você pensa que eles são pecadores e que serão atirados ao fogo do inferno; e seu céu está garantido — apenas por praticar certos rituais?
A quem você pensa que está enganando?
Alguém se senta durante uma hora repassando seu rosário e pensa que seu céu está assegurado e que os outros que não estão fazendo essa coisa estúpida irão para o inferno.
E você vai à mesquita, ajoelha, curva-se e diz coisas tolas ao Divino:
“Sois o maior" — e há alguma dúvida sobre isso?
Por que está dizendo:
“Sou pecador e sois a compaixão”?
O que você está fazendo?
Subornando?
Você pensa que Deus/Fonte, é uma coisa parecida com um ego?
De maneira que você possa dizer quem você é:
“Sois grande e nós somos pequenos, sois a compaixão e nós somos pecadores.
Perdoai-nos!”.
A quem você pensa que está enganando?
O ego está fazendo o jogo.
Você pensa que Fonte também é um ego que pode ser subornado?
Deus não é uma pessoa, absolutamente; assim, você está falando para si mesmo.
Não há ninguém ouvindo; somente as paredes, as paredes mortas da mesquita ou do templo, ou mesmo uma estátua de pedra.
Ninguém está ouvindo.
Na verdade, você está fazendo algo maluco.
Vá a um hospício e veja as pessoas falando com alguém que não existe.
Mesmo essa gente louca não é tão louca, porque aquele alguém pode estar em algum lugar.
Pode não estar ali; um louco pode estar falando com a esposa que não está ali no hospício, mas talvez noutro lugar — mas seu Deus não está em lugar algum.
Sua loucura é mais profunda, maior, e perigosa.
Como você pode falar com a existência?
Com a existência você precisa ficar em silêncio; toda fala deveria cessar.
Você não deveria dizer coisa alguma; ao contrário, a oração é um escutar.
Você precisa escutar a existência, e não dizer algo.
Se falar, a quem escutará?
Se você falar e estiver muito envolvido nas palavras, então a quem escutará?
E a cada momento há uma mensagem.
A cada momento, de todas as partes, há uma mensagem para você.
Ela está escrita em tudo; toda a existência é a escritura do Divino.
E a mensagem está em todas as partes, a assinatura está em cada folha, mas quem a verá?
Seus olhos e sua mente estão repletos de você mesmo.
Você tem lixo, mas continua virando esse lixo na mente.
Abandone-o!
Isto é algo a se compreender, porque a oração pode ser cristã, hindu, judia, mas então são orações sectárias e não são orações, de forma alguma.
Uma verdadeira oração não pode ser cristã, hindu ou budista.
A verdadeira oração é apenas um silêncio, uma espera.
Como você pode dizer que o silêncio é hindu?
Como pode dizer que o silêncio é cristão?
Será que o silêncio pode ser cristão ou hindu?
O silêncio é simplesmente o silêncio! — nem hindu nem muçulmano.
Quando duas pessoas estão completamente em silêncio, será que você pode dizer quem é muçulmano?
No silêncio, as seitas, as sociedades e as civilizações desaparecem; no silêncio, você desaparece.
Só o silêncio existe — e você não está presente.
Se estiver, então o silêncio não poderá existir, porque então você fará uma coisa ou outra, pensará uma coisa ou outra, continuará tagarelando por dentro.
Quando você não está, a sociedade e as seitas também não estão; nenhuma palavra, nenhuma oração; você não está recitando o Alcorão nem os Vedas, não está fazendo Meditação Transcendental, “Ram, Ram, Ram” — tudo bobagem.
Quando você está simplesmente em silêncio, acontece um encontro, uma fusão — você se dissolve!
Assim como o gelo derrete e os limites se dissolvem e então você não pode descobrir para onde o gelo se foi... tomou-se um com o mar.
O sol nasce, o gelo derrete, toma-se água.
O silêncio nasce, a mente congelada, como gelo, começa a derreter; o ego se dissolve.
Subitamente existe só o oceano, e você não é mais.
ESSE É O MOMENTO DA RELIGIÃO.
ELA NASCE EM VOCÊ.
Post. e Formatação.
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