Satsang Setembro de 2015
"Desapareça de si mesmo e a Luz, nela mesma
e por ela mesma, modificará o que
está alterado".
Bem, Bidi está com vocês.
Questão: lembranças de infância ressurgem nesses tempos, e são sistematicamente vistas como observador, depois, apagam-se por si só.
Algumas voltam várias vezes, por quê?
O acesso ao Si e a permanência no Si necessitam da eliminação de tudo o que pertence à memória, de tudo o que pertence às projeções.
Assim, portanto, é perfeitamente observável, para inúmeros de vocês, que elementos que pertencem à pessoa apresentem-se à sua consciência.
Não há que parar ali, não há que se identificar ali, há apenas, como você o faz, que observar.
Não há porquê, tampouco.
A vida aparece e a vida desaparece.
Essa é a característica do que é efêmero, do que não dura, do que não é a Verdade.
Esvaziar-se da pessoa não é fazer um esforço, é, simplesmente, observar, refutar e deixar passar.
Não se preocupe com o número de vezes em que isso lhe é apresentado, deixe fazer o que se desenrola, contente-se em estar aí, onde você está, consciente de sua eternidade, isso lhe permitirá, então, manter essa permanência do Si.
O que quer que se desenrole na tela de sua consciência, deixe-o desenrolar-se, porque você não é isso.
Nada há a procurar, apenas observar e deixar passar.
Qualquer que seja o número de vezes em que isso lhe seja apresentado, a vacuidade, o Silêncio é o apanágio do Parabrahman, que nada tem a ver com sua parte limitada e efêmera.
Por sua conduta nesses momentos em que se manifesta essa memória, ou qualquer outra projeção, depende a facilidade de permanência no Si.
A consciência deve desengajar-se por si mesma de toda identificação a uma forma, a uma história, a um passado ou a um futuro.
É isso que vocês vivem, uns e outros, de diferentes maneiras, mas que os remete ao efêmero para, de algum modo, reforçar a Eternidade.
Não há explicação precisa a dar, porque ela nutriria a pessoa.
Ora, você não é essa pessoa.
Você não é, mesmo, aquele que observa.
Isso você descobre, você o vive, cada um em seu ritmo, seja pela repetição, seja pela fugacidade do que se desenrola na tela da consciência.
Ir à fonte da consciência não é refazer o caminho ao inverso, mas, bem mais, ter-se aí, inteira e integralmente, o que transcende, assim, a noção de história, a noção de pessoa e a noção de memória, assim como as projeções.
A Verdade, assim, desvenda-se, ela sempre esteve aí, mas ela é como que iluminada, por vezes, de maneira violenta, por vezes, de maneira suave, mas não se preocupe com a maneira.
O objetivo não é esse.
Aceite que não haja qualquer objetivo, permaneça simples, de nada se apreenda, deixe vir a você e, do mesmo modo, deixe partir de você.
Não reaja e não intervenha.
… Silêncio…
Seguinte.
Questão: quando de seu tratamento, meu corpo colocou-se, progressivamente, em início de estase, a ponto de não mais poder mover nem braços nem pernas, até abaixo da cabeça, com uma dor intensa no braço esquerdo.
Não é a primeira vez que isso se produz.
Pode-se diminuir essa dor?
Por que todo o corpo não é concernido pela estase?
Você pode ajudar os rins a restabelecer-se?
O processo que você nomeia a estase é a revelação progressiva, a colocação a nu do efêmero como tal.
Isso corresponde a um movimento da periferia para o centro, cujo ponto de partida é, no entanto, efetivamente, o coração.
As zonas as mais distantes apagam-se, de algum modo, primeiro, e, portanto, os braços e as pernas.
No que concerne à sua saúde, a pessoa quereria, efetivamente, curar; a Eternidade nada tem a ver com a cura.
É claro, há uma noção de conforto, mas o conforto da pessoa é muito limitado em relação ao conforto do Si.
Quando o Si estabelece-se pelo desaparecimento da consciência nas extremidades, então, o retorno ao centro pode fazer-se tranquilamente, a partir do instante em que você não intervenha, a partir do instante em que você não procura, a partir do instante em que você não queira, a partir do instante em que você nada peça.
Desapareça de si mesmo e a Luz, nela mesma e por ela mesma, modificará o que está alterado.
Se isso não se modifica, é que corresponde ao projeto da Luz e absolutamente não ao projeto da pessoa.
Cabe a você ver, cabe a você escolher.
Deixe-se ganhar pelo que você descreve, não se preocupe com o resto; o resto basta-se a ele mesmo e vai para onde a Luz quiser.
A medicina concerne à pessoa e à consciência limitada, mas não à Eternidade.
Libere-se da doença, libere-se do sofrimento, não por um ato deliberado da pessoa, mas por uma rendição à Graça total.
Não se interrogue sobre o porquê e o como, nem sobre a origem nem sobre o fim, porque sua consciência prova-lhe, a você mesmo, que a Eternidade é tocada e vivida.
Instale-se aí, onde tudo é Graça, qualquer que seja a evolução ou o futuro desse corpo.
Deixe-o reparar-se, deixe-o expulsar dele o que não tem que estar ali.
Assim é explicada a dor de seu braço.
É claro, em algumas doenças, há necessidade de vigilância, de supervisão, de medição.
Isso é uma regra.
Mas você, quem você é nisso?
Você é esse corpo doente ou você é o que se apresenta à sua consciência, em suas relações com a Eternidade?
Posicione-se, de uma vez por todas, e deixe trabalhar e demonstre-se à sua eternidade a própria potência da fé.
É, portanto, para você, uma inversão de paradigma, que põe fim a toda luta, a toda resistência e a toda oposição.
O que se manifesta, em sua consciência, é apenas o resultado do peso respectivo do Eterno e do efêmero.
Cabe a você definir e ver onde você se situa.
Isso não concerne, é claro, unicamente, à sua doença, mas a todas as doenças, quaisquer que sejam.
Aquele que vive a Eternidade, quer seja no Si ou no Absoluto, não se preocupa com o que vive, naturalmente, ou seja, esse corpo que apareceu e que desaparecerá.
Não inter-reagindo mais com esse corpo, ele possuirá, nele, suas próprias sementes de cura ou de desaparecimento.
Tanto em um caso como no outro, não há que apegar-se a um resultado ou a uma vontade.
Isso não é uma renúncia, não é uma negação, isso não é uma refutação, mas é a realidade de seu posicionamento.
No que você vive, no acesso à Eternidade, encontra-se a solução.
Mas não raciocine como uma pessoa em relação a isso, mesmo se a pessoa tenha necessidade de ocupar-se, de medir, de controlar.
É o papel dela.
Mas você não é aquele que controla, que mede e que verifica.
Posicione-se mais perto do centro e esqueça-se da periferia.
Não projete mais a sua consciência, permaneça imóvel, permaneça tranquilo, desapareça de si mesmo, desapareça de toda experiência, ainda que apenas um instante, e você constatará, por si mesmo, os efeitos nesse corpo e em seu efêmero, qualquer que seja o resultado.
Supere o mundo das causas, supere a causalidade, supere sua própria questão.
Qualquer que seja a evolução da dor, do sofrimento ou da doença, a partir do instante em que você estiver firmemente ancorado em sua eternidade, nada do efêmero poderá aparecer como contrário à sua eternidade.
O que eu percebi, quando da sessão, é apenas uma informação da Verdade que se confronta em você, em suas zonas de resistência.
Não veja a resistência como um material estranho, por exemplo, mas não veja, tampouco, como se lhe pertencesse; situe-se no meio.
Aí está sua Liberdade, a verdadeira.
Não aquela de restabelecer a saúde de um corpo, a realidade do Espírito é bem mais primordial e importante do que qualquer cura que seja.
Deixe produzir-se o que se produz; não porte sua atenção sem negligenciar, contudo, o que é demandado por esse corpo, no corpo.
Mas porte sua atenção na Eternidade, ancore-se na Eternidade.
A ancoragem de seus rins, então, não terá mais qualquer sentido, porque os rins são a memória, é a hereditariedade, é o que o prende a esse mundo, o que o prende a essa encarnação e impede-o de viver a Liberdade na encarnação.
… Silêncio…
Seguinte.
Questão: o fogo do Satsang tem um papel na consciência e, se sim, qual?
Aquele de informar o meio do coração, fazê-lo ressoar em sua eternidade e não mais no efêmero.
O coração eterno está bem além do coração ascensional ou do que vocês nomearam a Coroa radiante do Coração ou, ainda, o Fogo do coração.
O que eu lhe falo poderia ser assimilado, em suas palavras, ao Fogo do Espírito, assimilável, também, ao que o Comandante dos Anciões havia nomeado o planeta-grelha.
Deixe-se grelhar, e você encontrará a felicidade tão procurada, na consciência, no Espírito, na a-consciência e, também, nesse corpo, o que quer que ele diga e o que quer que ele manifeste.
Aí está a cura.
Todo o resto seria apenas paliativo e transitório.
Porque, quando uma função do corpo desaparece, é preciso, efetivamente, estar consciente de que todo esse corpo desaparecerá, em um dado momento ou em outro.
Partindo daí, ele pertence efetivamente, ao efêmero.
É nesse sentido que eu o havia nomeado de saco de carne, mas, também, um Templo, sagrado.
Nada controle, relaxe, e tudo irá para o melhor.
Trata-se de colocar suas prioridades.
… Silêncio…
Questão: a noção do Si, mesmo se ele pareça vivido por momentos, continua vaga.
Continua Bidi (6)
Post. e Formatação
http://semeadorestrelas.blogspot.com
Tradução e Divulgação
Célia G.
Versão PDF: http://ahp.li/d/75a4daa5555d81ae30b1.pdf
Versão e-book: http://online.fliphtml5.com/lxtt/rghi/#p=1