"O ego tem medo da morte e, quando você diz:
«Eu tenho medo da morte», quem fala"?
«Eu tenho medo da morte», quem fala"?
"O ego, é claro".
Bem, Bidi está com vocês.
Questão: como acolher, hoje, aqueles que vêm para nós e que não vivem ou que recusam o processo de Liberação?
Não há qualquer superioridade em quem quer que seja, quer o Absoluto seja visto e conhecido e vivido, quer o Si seja vivido, quer a pessoa não conheça nem o Si nem o Absoluto.
Deixe a relação, aí também, fluir, nada programe, nada decida, seja espontâneo, esteja disponível para o que flui e escoa-se de você, espontaneamente, sem procurar dirigir seus pensamentos ou controlar o que quer que seja, ou comportando-se em função do que o outro espera.
Seja você mesmo.
Nada procure.
Não se preocupe com isso, nesse caso.
Fique no acolhimento, ou não, mas nada decida, não se mova, nada emita, permaneça centrado.
Se palavras chegam, elas devem fluir sozinhas; se o silêncio instala-se, ele se instala, você nada tem a provar, nada a salvar, e você não pode levar ninguém.
Sair da pessoa, não mais ser uma pessoa é não voltar ali em função das circunstâncias.
Porque, se você se move, você não está estabelecido na Verdade, você se adapta.
O Absoluto não se adapta, jamais, a pessoa sim.
Ou, então, jogue o jogo de voltar a tornar-se uma pessoa que reencontra uma pessoa, mas, aí, nada se produzirá.
Aliás, nada procure produzir, não procure orientar nem as palavras nem a relação; esteja, simplesmente, presente, ou ausente, mesmo estando aí.
Mas você está aí como pessoa ou você está aí além de toda pessoa?
É o único modo de mostrar ao outro, sem nada querer demonstrar, o mistério da Graça.
É o mental que procura estratégias, sinais, meios de tranquilizar, de salvar, de fazer compreender, de fazer aderir, mas tudo isso é supérfluo.
Vá além de tudo o que está amarrado ao conhecido, a uma pessoa ou, como eu disse, então, desempenhe o papel que a Vida atribui a você nessa ocasião.
Mas, aí também, seja espontâneo, não reflita, não obedeça a qualquer convenção de educação moral ou social, seja você mesmo.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: quando de sua contagem até dez, qual é a origem dos risos que explodiram?
O riso daquele que nada espera, que está, simplesmente, aí, para viver o que há a viver, sem interferir.
Isso permite à espontaneidade, à neutralidade, à criança interior, se prefere, revelar-se.
Sem nada aguardar, sem nada esperar, sem nada compreender.
Portanto, não procure compreender, posteriormente, caso contrário, você se afasta, ainda mais, de você, esse estado que foi vivido espontaneamente.
Como eu disse anteriormente, é o melhor modo de fazer com que o que apareceu desapareça: querer apreender-se disso.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: você poderia falar da gratidão em relação ao Absoluto?
Eu nada compreendo.
Da gratidão em relação ao Absoluto, para mim, isso nada quer dizer, mesmo se isso queira dizer algo para a pessoa.
A gratidão e o Absoluto em relação onde?
Eu não compreendo.
A gratidão é uma ação.
A gratidão é uma expressão da consciência.
O Absoluto nada tem a ver com gratidão, é a Graça que aparece, justamente, porque nada há de procurado.
A gratidão é função de uma pessoa, de uma situação, de um estado.
No Si, a gratidão pode ser manifestada.
Portanto, se eu compreendi um pouco essa questão, não há qualquer relação ou conexão entre o Absoluto e a gratidão.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: sua contagem até dez desencadeou, em alguns, um riso nervoso. Isso corresponde a um medo?
Quem pode melhor saber do que você?
A mesma manifestação pode traduzir, efetivamente, ou a Liberdade e a Liberação vivida naquele momento, ou o medo.
O medo ou o Amor.
Vamos contar até vinte, em breve.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: você disse: «eu estou aí para ajudá-los a rasgar seus véus, se vocês o aceitam».
Você pode, então, ajudar-me a rasgar o véu ligado aos meus medos?
Eu sou dependente do medo do ser, de viver, do desconhecido, de morrer.
O melhor modo é morrer para si mesmo.
E apenas você é que pode fazê-lo.
Solte tudo.
Você é identificada ao seu corpo, identificada à sua vida, à sua memória.
Como você quer encontrar outra coisa, o que você é?
A morte é inevitável, você sabe disso, ao chegar a esse mundo.
Você acredita que haja alguma eternidade aí?
É algo que passa, a consciência nasce, a consciência morre.
Mesmo a reencarnação é uma estupidez.
Uma armadilha do ego, que não a fará, jamais, sair do efêmero.
Então, pare de considerar-se como uma pessoa, porque a pessoa estará, sempre, inscrita no medo.
O ego tem medo da morte e, quando você diz: «Eu tenho medo da morte», quem fala?
O ego, é claro.
Aquele que é muito estreito e que, no entanto, quer-se muito grande e que procura, e procura, e que investiga por toda a parte.
E que nada encontra.
E que nada encontrará, jamais.
Porque nada há a encontrar nesse nível, é um jogo, um espetáculo mórbido ou um espetáculo cômico, pouco importa.
Nada há de verdadeiro aí dentro, mesmo se seja a única realidade que você vive.
Eu fui suficientemente claro, há três anos.
O que dizer mais?
O que eu já disse, à época: «Esqueça-se de você».
Você não é nem seus medos nem sua vida nem seu corpo; você nada é do que você pensa, você nada é do que você tem vivido, você nada é de suas vidas passadas.
Você é o que sempre esteve aí.
Você não pode nutrir o medo e ser Amor.
Você não pode lutar contra os seus medos, há apenas que aquiescer a essa verdade essencial, é tudo.
Você se segura a algo que não tem qualquer consistência, qualquer duração, e que não tem futuro.
Assim que você desaparece desse mundo, tudo desaparece: os pensamentos, o corpo, é claro, as emoções, a história.
O que você quer entupir com tudo isso?
Você nada encontrará no passado, nem no futuro.
Crer que alguma coisa vá subsistir do que você acredita ser é, um defeito do pensamento, bem anterior ao medo.
Então, ame.
Ame-se.
Não nesse corpo ou nessa carne, ame a Vida, qualquer que seja sua realidade.
É preciso ver a ilusão e a errância desse mundo, mas, em caso algum, renegá-la.
É seu cenário, mas veja-o, realmente, como um cenário, você não é tributária de tudo isso.
Você nada é do que você vive e, no entanto, você é a Vida.
Aceite isso.
Nenhum medo pode manter-se diante disso.
Aliás, você diz: «Meus medos, meus véus», você põe a posse em tudo isso.
Como quer que eu a libere de tudo isso, se é aquilo que você crê, dê-se conta disso.
Crer que a pessoa vai dar-lhe uma solução é o melhor modo de afastar-se da solução.
A solução não deve ser encontrada, nem ser procurada, ela já está aí, aceite-a, sem hesitar.
Todo o resto decorre daí.
De onde vem você?
O que você era antes de aparecer nesse corpo e nessa história?
Como você quer pôr fim à fragmentação se você se fragmenta, se você se identifica aos medos, se você se identifica ao seu corpo, a uma história ou ao que quer que seja?
Não recuse o corpo, não recuse os pensamentos, não recuse as vidas passadas, mas você nada é de tudo isso.
Mesmo a vibração, mesmo se ela continua, deve ser reconhecida por uma manifestação da consciência e, no entanto, você não é a consciência, mesmo supra-consciência.
Enquanto há apego, há sofrimento e, enquanto você diz «meus» ou «eu», o sofrimento já está presente.
Em contrapartida, se você é a Vida, não há qualquer lugar para o sofrimento, há apenas o lugar para a experiência e para o Amor, qualquer que seja a experiência.
… Silêncio…
1, 2, 3… 4… 5… 6, 7, 8, 9 e 10… 11… 12… 13, 14… 15, 16, 17… 18, 20… 19
Questão seguinte.
Estejam disponíveis para a surpresa.
Questão: em meditação, a palavra Antígona impôs-se à minha consciência.
Essa palavra grega significa: «aquele que se opõe à família, parente, pai ou filho».
Mais tarde, em uma grande cidade, meus olhos viam, no alto de um imóvel, essa palavra Antígona afixada em maiúsculas.
Sabendo-se que o Si ou o Absoluto não são concernidos por essa noção de família, o que devo concluir disso?
Ah! Bem, está muito melhor escrito.
É o que vocês nomeiam uma sincronia.
Isso não iluminará, jamais, outra coisa que não a pessoa, e eu não sei o que isso quer dizer.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: em estado de meditação ou de alinhamento, acontece de sentir-me afundar ou cair ou ver cintilação nos olhos.
Eu me deixo ir na vivência, mas, a um momento, o medo do desconhecido surge, eu me sinto impotente em face de...
Mas é claro que você é impotente em face disso... não terminou.
Questão: ... mesmo se eu o tenha identificado, como atravessar esse medo da morte, do desconhecido?
Você pode acompanhar-me ou aconselhar-me para levantar e superar os véus do medo?
Mas cada um vive isso para verificar, por si mesmo, que você é capaz de soltar, de nada reter.
Se o medo apreende você, é que você mesmo apreendeu o medo, o que quer que você diga.
Atravesse isso.
Desidentifique-se de todo medo, e você verá.
Mas viva-o e faça-o.
É preciso tudo soltar.
Como se você morresse.
É um jogo.
Considere isso como um jogo.
Nada há de sério, sobretudo, na pessoa.
Como você pode tornar-se leve se acredita nessas tolices de medo?
É um condicionamento.
O ego tem medo de morrer, mas você não morre, jamais.
Como poderia você morrer, uma vez que você não existe aqui?
É um fragmento de você que joga.
Antes do medo, é preciso eliminar o sério.
Ria.
Porque o riso é a antecâmara do Amor.
Uma explosão de riso surpreenderá você, como alguns de vocês, ontem, o que favorece as passagens, quaisquer que sejam, e, sobretudo, a última.
É preciso soltar-se, relaxar.
Você nada tem, o que quer que acredite ter, porque o que você tem desaparecerá, necessariamente.
O corpo é perecível.
Os pensamentos, também, as emoções, também, as histórias, também, as memórias, também.
Atravesse tudo isso.
Se você vibra, suba em vibração e, em seguida, esqueça-se disso também, caso contrário, você permanecerá congelado na consciência, mesmo livre.
Mas você é livre.
O medo é inerente a esse mundo, justamente, por causa do efêmero, porque você está identificado ao efêmero.
Veja isso como uma evidência.
Sua vida, aliás, é a demonstração disso, mostra-lhe isso a cada instante.
Você tem medo de adormecer?
Você se pergunta, a cada noite, se você vai acordar no dia seguinte?
Há, é claro, um dia, se você morre em seu sono, no qual você não acordará.
Então!
E, no entanto, você dorme como tivesse certeza de que ia acordar.
Há um que disse: «Vigiai e orai», isso quer, efetivamente, dizer o que isso quer dizer.
Brinque.
E ria.
Não se tome a sério com o que não é sério, ou seja, esse corpo, essa história e essa memória.
Desempenhe o papel, mas é tudo.
… Silêncio…
Questão: após a intervenção de Maria, eu vivo uma alegria interior profunda, eu me banho nesse estado que, eu acho, corresponde ao Si e não ao Absoluto.
Como atravessar esse estado sem deixar essa alegria profunda, para que o Absoluto revele-se a mim?
Post. e Formatação
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Tradução e Divulgação
Célia G.