Satsang
"O verdadeiro guru não se toma por um guru,
mesmo no sentido nobre do termo".
"Ele não tem necessidade de ornamentos,
tanto de vestimenta como ornamental".
Bem, Bidi está com vocês.
Questão: você poderia falar-nos do verdadeiro guru?
O verdadeiro guru é o Jnani, porque, nele, não há risco algum de escravização, de predação ou de qualquer alteração que seja.
O verdadeiro mestre não tem necessidade de alunos.
Mesmo se ele empregue palavras, ele não cria movimento, ele não cria religião, ele mostra, simplesmente, por sua presença, onde está a Verdade.
Ele não conhece ninguém, ele não seduz ninguém, ele permanece fiel a ele mesmo, em sua eternidade.
Seu único objetivo é que aquele que o escuta ou que o reencontra encontre-se a si mesmo.
Não há outra transação nem outra troca entre o Jnani e aquele que o reencontra.
Não há necessidade de qualquer curso, ele não tem necessidade de qualquer reconhecimento e, sobretudo, não desse mundo.
Ele restitui você à sua liberdade e, de modo algum, ao ponto de vista dele.
Ele não tira qualquer proveito, de qualquer espécie, nesse mundo nem em qualquer outro mundo.
Suas palavras não podem, jamais, falhar, qualquer que seja a dureza de suas palavras, porque ele vê, claramente, todas as ilusões e tudo o que concerne à pessoa como não sendo verdade.
O verdadeiro guru não se toma por um guru, mesmo no sentido nobre do termo.
Ele é, simplesmente, aquele que lhe oferece a Verdade, na condição de que você aceite vivê-la.
Ele não procura qualquer aluno, qualquer discípulo, ele não tem necessidade de nada para ser ele mesmo.
E, sobretudo, ele vela para que jamais se instale a mínima dependência e a mínima submissão.
A partir do instante em que o guru sirva-se de um conhecimento outro que não aquele da consciência, ele cai na armadilha da posse e da ausência de Liberdade.
O único verdadeiro guru é aquele de quem se está desembaraçado ao ir vê-lo.
Ele nada mantém, ele nada dá, ele nada toma, ele É.
O verdadeiro guru apenas pode ser um Jnani, mas não um Jnani declarado, mas um Jnani que o vive, ele mesmo.
Além disso, ele é, frequentemente, reconhecido apenas após sua partida desse plano, raramente, em sua vida, e é muito melhor.
Aquele que procura fogos do reconhecimento engana-se, aquele que desempenha um papel engana-se.
O verdadeiro guru é livre de toda condição e de toda situação.
Ele se apresenta tal como ele é.
Ele não tem qualquer diligência espiritual, ele é, ele mesmo, a Verdade.
Ele reconhece a Eternidade em cada um, mas sabe pôr fim a toda relação, se ela apresenta uma armadilha para ele ou para o outro.
Assim é o verdadeiro guru, o Jnani.
Lembre-se de que assim que você segue alguém, você não é mais você mesmo.
Isso nada tem a ver com o dom de imitação.
Porque se você imita o guru, no sentido nobre do termo, você se libera a si mesmo.
Ele não deve deixar estabelecer-se qualquer adoração, dele ou do que ele diz.
Ele ama impessoalmente e não é sujeito ao jogo das pessoas, tanto da pessoa dele como qualquer outra pessoa.
Ele deixa acontecerem, espontaneamente, as coisas.
Ele nada força, ele nada impõe.
Eu repito, ele não procura seduzir.
Ele pode ser detestável, ele pode ser agradável, ele adapta o que ele é em função do que ele vê, não com os olhos, não com a pessoa, mas ao nível da Verdade.
Ele não tem necessidade de ornamentos, tanto de vestimenta como ornamental.
Ele não tem necessidade de um lugar específico, porque ele sabe, justamente, que os lugares específicos são apenas ornamentos, são apenas um pálido reflexo da Verdade.
Ele pode falar, ele pode calar-se, isso nada muda.
Ele permanece.
Ele não procura levá-lo a lugar algum nem salvá-lo do que quer que seja.
Assim é o verdadeiro guru.
… Silêncio…
Questão seguinte.
Questão: eu vivi, várias vezes, a sensação de bascular, de desaparecer, de voltar sem lembrança.
O que é que bloqueia para reconhecer-me Absoluto?
Mas onde você vê um bloqueio?
Por que você imagina que isso é um bloqueio?
O que você procura ver de maravilhoso?
O que você procura apreender, tomar?
Desapareça e nada procure.
É a melhor prova de que você é Absoluto.
Qualquer lembrança, qualquer visualização, qualquer elemento reportado quando de seu desaparecimento prova que você não desapareceu.
Só as consequências disso são visíveis na pessoa.
O que você quer puxar do Absoluto?
O que você quer ver?
O que você quer tomar, ao invés de dar?
Por que procurar o que bloqueia, se não é seu próprio mental e sua própria vontade de apreender algo que você não pode apreender?
Você apenas pode ser.
A memória nada tem a ver aí, as lembranças nada têm a ver nisso, e toda experiência da consciência, mesmo a mais mística, nada é diante do contentamento total daquele que desapareceu.
Mas, a partir do instante em que você volta, se você procura um sentido, se procura uma imagem, se procura prender-se ao conhecido, você não poderá beneficiar-se do que você é, verdadeiramente, ou seja, o Absoluto.
O Absoluto não é nem quantificável nem exprimível.
É por isso que eu tanto falei, há alguns anos, da refutação.
O Absoluto nada tem a ver com os chacras, nada a ver com o Kundalini, nada a ver com os Arcanjos.
Ele não nega essas presenças, mas ele está além.
Não no sentido de uma superioridade, mas, bem mais, no sentido de algo de bem mais vasto, que nenhum cérebro, que nenhuma vibração, que nenhum chacra ou que nenhum ser de Luz, qualquer que seja, de onde quer que venha, que é, já, ele mesmo, isso, pode representar.
É preciso liberar-se do conhecido.
E como liberar-se do conhecido se você procura puxar alguma coisa?
Você constata os efeitos disso, aí está o essencial e, em seguida, você permanece tranquilo, aí onde você está.
O que você procura apreender ou puxar é o que o impede de ver claramente.
O que quer dizer que nada há a ver, nada há a sentir, nada há a experimentar, há apenas o que é o Amor não manifestado, não representado, permanente e imutável.
Jamais a pessoa poderá representar-se.
Nada há.
Para o ego, é o neant.
Não há nem sombra, nem luz.
Há, unicamente, quando você toca a Infinita Presença, e autoriza-se, a si mesmo, a ali permanecer, onde pode existir, ainda, uma consciência e, portanto, uma visão, quer ela seja etérea ou do coração.
Mas, mesmo com isso, o Jnani não se importa, literalmente.
Ele é livre de todo condicionamento, de toda visão, de toda imagem e de toda experiência.
Ele não as recusa, contudo, mas ele não tem necessidade disso, porque ele sabe que isso é ilusório.
Mesmo se isso seja real.
Ele nada tem a ver com os objetos.
Ele nada tem a ver com as dimensões, mesmo se ele possa falar delas, mas isso nada mais representa que não uma experiência para ele e absolutamente não o estado que ele é.
Nada há, portanto, a puxar, nada a reportar, nada a provar.
É preciso desembaraçar-se disso na cabeça e parar de acreditar que vai acontecer isso ou que isso vai manifestar-se assim.
O único testemunho do Absoluto é o desaparecimento desse mundo e de toda experiência.
Aí está a Verdade, aí está o meio do coração, aí está a Paz Suprema.
O Jnani não tem qualquer vontade própria.
A única verdade, para ele, antes de descobrir o que ele é como Jnani, é, unicamente, ser ele mesmo, desembaraçar-se dos grilhões sociais, morais, espirituais, cármicos, sem lutar contra, atravessando-os, sem ali apegar-se, sem ser retido pelo que quer que seja.
Aí está a Verdade, diante da qual todas as verdades ditas relativas desvanecem e desaparecem.
Isso não tem qualquer implicação em suas atividades, quaisquer que sejam, em qualquer plano que seja nesse mundo.
Ele não é mais tributário da forma, mesmo se esteja inscrito em sua própria forma.
Ele não é tributário da energia, não é tributário da consciência.
Ele não é tributário de nada, mesmo não do Si, que nada mais quer dizer para ele.
O que eu exprimo corresponde à realidade do Absoluto nesse mundo.
A questão do Absoluto não se coloca, mesmo para aqueles que experimentam a consciência em qualquer plano que seja, exceto aqui, nessa Terra.
… Silêncio…
O Jnani não duvida, jamais.
Quando você desaparece, qual dúvida pode existir?
Se houvesse uma dúvida, você puxaria a visão disso, a experiência da consciência, a vibração.
A única coisa que é absolutamente certa, ao voltar, é que não há mais ninguém para colocar questões.
Não há mais ninguém para interrogar-se, o que não impede de levar sua vida, qualquer que seja, e responder às obrigações, quaisquer que sejam.
Ele deixa tudo acontecer, porque ele é, justamente, o «conhecedor».
… Silêncio…
Seguinte.
Questão: numerosas sincronias em relação à minha companheira põem-me em posição de ser acusado por ela de ambiguidade, de traição, enquanto eu não estou, absolutamente, nesse cenário.
Isso me desarma, o que me dá um sentimento de impotência em face da vida, dessa relação, mesmo se eu possa rir disso, igualmente,
O que eu devo compreender?
No que você nomeia casal, basta que um dos dois tenha projeções suficientemente potentes para criar situações, que vão confirmá-lo em seus pensamentos alterados.
E, efetivamente, você nada pode aí.
O que você quer fazer mais?
Quando esse gênero de coisa produz-se, há, necessariamente, o outro que cria isso por si mesmo, por seus pensamentos iterativos, ele cria o que ele teme.
Quem pode mudar os pensamentos do outro, sobretudo, se eles são recorrentes?
Nenhuma prova satisfará aquele que cria coisas assim.
É apenas isso que é preciso observar e ver claramente.
E, efetivamente, é melhor rir ao invés de sofrer com isso.
É um jogo de enganos.
Qualquer que seja a relação entre essas duas pessoas, mesmo o que vocês nomeiam de mônadas.
A partir do instante em que um dos dois personagens cria histórias que não são verdadeiras, elas se materializam na consciência e na visão dele, provando-lhe, que ele tinha razão.
Como você quer contrariar ou evitar isso?
Desaparecendo.
É o único modo para que o outro veja o que ele mesmo cria.
Isso resulta do medo.
Não é, unicamente, um problema de consciência, não é, unicamente, um problema ao nível do psiquismo, mas é, bem mais, o que eu nomearia uma alteração da ilusão, que se nutre de suas próprias quimeras e que se justifica a si mesmo para permanecer em seu sofrimento e em seu medo.
Nenhuma ajuda exterior pode ser possível, nessas circunstâncias.
E isso não concerne, unicamente, aos casais, mas isso pode observar-se não importa em qual situação; o importante, então, é não dar tomada ao que é criado assim.
Porque esse gênero de comportamento, tanto de um como do outro, mantém a ilusão desse mundo e reforça-a, mesmo, se posso dizer, independentemente do que seja vivido no Si, o que é impossível para o Absoluto.
Tudo o que é proposto como ajuda ou como serviço será, sistematicamente, invertido e falsificado.
A falsificação na própria falsificação e na ilusão fará apenas reforçar, eternamente, a ilusão.
É uma crença que se realiza para aquele que a emitiu, e que cria problemas para aquele que recebe, em cheio, essa crença, e que leva, portanto, como você diz, a sincronias completamente aberrantes, que vêm justificar o outro, reforçá-lo, em sua pessoa e em seu sofrimento.
Assim, portanto, há uma vítima, e o salvador torna-se o algoz, em alternância.
São, ainda, jogos de papéis, são, ainda, perdas de tempo.
Isso é completamente estéril.
Eu esclareço, também, no que vocês nomeiam o Si, que quanto mais o estado vibratório progride junto a um dos dois parceiros ou cônjuges ou relações, mais isso se amplifica.
É normal.
Nada há a compreender, há, simplesmente, a observar a realidade do que eu acabo de dizer e não mais nutrir isso, nem salvando nem no que quer que seja mais.
É preciso restituir-se, mutuamente, a liberdade, para que cada um veja claramente.
E isso é válido em toda relação, de qualquer natureza que seja.
Não teça mais laços do que aqueles que existem.
Eu repito, é um jogo de enganos.
E como você deve aperceber-se, isso gira em círculos, eu diria, mesmo, em espiral, porque é cada vez mais intenso, e isso tem a aparência de ser cada vez mais verdadeiro na ilusão.
O que você quer fazer?
A partir do instante em que, nessa relação, há um que diz, verdadeiramente, «eu não jogo mais», bem, o jogo para.
O que não quer dizer que há separação ou fratura, mas há necessidade de ver-se a si mesmo.
Nada mais e nada menos.
Quando isso se produz e gira em espiral, cada vez mais intensa, é que há medo e culpa, tanto de um lado como do outro; não há responsável, vocês são dois a atuar na cena.
Qualquer que seja o lado em que se consideram as coisas, esse jogo não pode ser jogado sozinho; é preciso, efetivamente, estar consciente de que ele se joga a dois.
E é um jogo que não conhece fim.
Exceto, é claro, se um vê claramente as coisas e passa para além da pessoa e para além de suas próprias emoções para pôr fim a essa espiral.
Não nutra o que você não quer mais ver.
Não se desvie, tampouco, mas veja claramente.
A vida na ilusão voltará a servi-lo, sempre, em mais ou menos breve prazo, os mesmos cenários, enquanto eles não sejam transcendidos.
Não há vítima, não há algoz, não há salvador, há apenas dois atores que não veem mesmo, que eles atuam.
Tomado, cada um, por suas próprias quimeras, suas próprias projeções e, em definitivo, a ausência de liberdade.
Ninguém pertence a ninguém, em momento algum.
Cair aí é fazer o jogo da ilusão.
De fato, nesse gênero de relação, você mesmo se põe cadeias, ilusórias.
Aceite a experiência, mas supere-a e veja, claramente, o que se joga.
Não é, mesmo, a relação de casal; não é, mesmo, em definitivo, a posição de vítima, de algoz ou de salvador, mas, bem mais, as escolhas da alma, o que você poderia nomear de suas origens estelares, que estão no trabalho.
Nada mais.
… Silêncio…
Seguinte.
Questão: eu fiz, em duas reprises, o protocolo da atribuição vibral.
A cada vez eu vi triângulos alinhados ao infinito.
O que é isso?
Post. e Formatação
http://semeadorestrelas.blogspot.com
Tradução e Divulgação
Célia G.
Versão PDF: http://ahp.li/d/75a4daa5555d81ae30b1.pdf
Versão e-book: http://online.fliphtml5.com/lxtt/rghi/#p=1