"Há uma ideia profunda na mente
de que acidentes só acontecem
com outras pessoas".
OSHO
09 Mar 2014
Gurdjieff costumava contar uma parábola ...
Havia um mágico que era também um pastor.
Ele tinha milhares de ovelhas para cuidar, e era um homem muito avarento, por isso não queria muitos empregados e muitos vigias.
Ele não queria pagar ninguém e não queria que suas ovelhas se perdessem ou que fossem comidas pelos lobos.
Mas era muito difícil para ele tomar conta de todas as ovelhas sozinho.
Ele era muito rico e tinha muitas ovelhas.
Assim, ele pregou uma peça nas ovelhas.
Ele as hipnotizou — ele era um mágico.
Ele as hipnotizou dizendo a cada uma:
“Você não é uma ovelha.
Não tenha medo”.
Para algumas ele disse:
“Você é um leão”.
Para outras ele disse:
“Vocês são tigres”.
Para outras ainda ele disse:
“Vocês são homens.
Ninguém irá matá-los.
Não tenham medo e não tentem escapar daqui”.
As ovelhas começaram a acreditar na hipnose dele.
Todo dia ele matava algumas ovelhas, mas as outras pensavam:
“Não somos ovelhas.
Ele está matando apenas ovelhas.
Nós somos leões, somos tigres, somos lobos, somos isso e aquilo...” até mesmo que eram homens.
Para algumas foi dito, até mesmo, que elas eram mágicas — e elas acreditaram.
Era sempre uma ovelha que seria morta.
Elas permaneceram indiferentes, distantes.
Não estavam preocupadas.
E, pouco a pouco, todas foram mortas.
“Essa é a situação”, costumava dizer Gurdjieff.
Quando alguém morre, já ocorreu a você que é a sua morte?
Não.
A mente continua a fazer o jogo.
A mente diz que é sempre o outro que morre, nunca é você.
De vez em quando, um homem muito velho vem a mim.
E ele está sempre preocupado com a minha morte.
Ele pergunta:
“Osho, se você morrer, o que acontecerá comigo?”
Ele tem quase setenta e cinco anos.
Fico sempre surpreso quando ele diz:
“Se você morrer, o que vai me acontecer?”
Osho vai morrer e ele não vai morrer.
Há toda possibilidade de ele morrer antes de mim, mas sobre isso ele nunca pergunta.
Sempre que ele vem, essa é a pergunta:
“Não me deixe.
Se você morrer, o que acontecerá comigo?”
É assim que a mente continua a funcionar.
É sempre uma outra pessoa que morre.
Você não vê as pessoas correndo em seus carros numa velocidade louca?
Por quê?
Há uma ideia profunda na mente de que acidentes só acontecem com outras pessoas.
Até mesmo nas placas de sinalização está escrito quantos acidentes estão acontecendo todos os dias, quantas pessoas morreram ontem; e ainda assim as pessoas continuam correndo.
Quem se importa?
Essas coisas acontecem aos outros.
“Esses acidentes, sim, eles acontecem, mas nunca aconteceu comigo”.
Esta ideia persiste.
A parábola de Gurdjieff não é simplesmente uma parábola.
Tudo o que é errado acontece para outras pessoas.
Mesmo a morte.
Você não consegue conceber sua própria morte.
E, se você não pode conceber sua própria morte, você não pode se tornar religioso.
Até pensar sobre ela parece impossível — como posso morrer?
Como?
A pessoa continua a se manter separada de tudo, continua a acreditar que ela é a exceção.
Cuidado!
Sempre que você sentir que é a exceção, lembre-se, a mente vai enganá-lo.
A mágica da mente está iludindo você.
E tem iludido todo mundo.
Esse é o sono metafísico.
“A morte não vai acontecer a mim.
E eu já sou aquilo que quero ser.
E tudo é bom.
E estou acordado.
E eu já sei.
Assim, o que há para buscar e procurar?”
Essas noções falsas, essas ideias absurdas têm se repetido por tanto tempo que você está hipnotizado por elas.
Você tem se auto-hipnotizado.
O mágico não está em algum lugar do lado de fora, ele é a sua própria mente.
Ele tira toda a significação de você.
A significação está apenas na consciência, a significação é consciência.
É um tipo de esplendor.
Quando você se torna radiante com consciência, tudo se torna radiante com significação.