Quem será o senhor e quem será o escravo?
Osho
10 Aug 2013
Ouvi contar...
O dr. Ahrams foi chamado à loja de Mulla Nasruddin, onde Nasruddin jazia inconsciente.
Dr. Abrams cuidou dele por um longo tempo e, finalmente, conseguiu revivê-lo.
“Como você conseguiu beber aquilo, Nasruddin?
Você não viu o rótulo na garrafa?
Estava escrito ‘veneno’!”
“Vi, doutor”, respondeu Nasruddin, “mas eu não acreditei.”
“Por que não?”, perguntou o dr. Abrams.
Nasruddin respondeu: “Porque sempre que acredito em alguém sou enganado”.
Pouco a pouco, as pessoas aprendem a não acreditar, a não confiar, a permanecerem cronicamente em dúvida.
E isso ocorre tão vagarosamente, em doses tão pequenas, que você nunca está alerta para o que está acontecendo com você.
Quando vê, é tarde demais.
É isso o que as pessoas chamam de experiência.
Diz-se que uma pessoa é experiente quando ela perdeu contato com o coração.
Dizem então:
“Esse é um homem muito experiente, muito esperto, muito astuto; ninguém pode enganá-lo”
Talvez ninguém possa enganá-lo, mas ele enganou a si mesmo.
Ele perdeu tudo aquilo que era valioso; ele perdeu tudo.
Então, um fenômeno muito peculiar acontece:
não se pode amar pessoas, porque pessoas podem enganar.
Começa-se a amar coisas, então.
Como há uma grande necessidade de amar, as pessoas vão buscando substitutos: alguém ama a sua casa, alguém ama o seu carro, alguém ama as suas roupas, alguém ama o seu dinheiro...
É claro, a casa não pode enganá-lo, o amor não corre risco.
Você pode amar o carro - um carro é mais confiável do que uma pessoa real.
Você pode amar o dinheiro - o dinheiro é uma coisa morta, está sempre sob seu controle.
Por que tantas pessoas amam coisas em vez de pessoas?
E até mesmo quando, às vezes, amam uma pessoa, elas tentam reduzir a pessoa a uma coisa.
Se você ama uma mulher, você está, de imediato, pronto para reduzi-la tornando-a sua esposa.
Você está pronto para reduzi-la a determinado papel: o papel de esposa, mais previsível do que a realidade de uma amada.
Se você ama um homem, você está pronta para possuí-lo como uma coisa.
Você quer que ele seja seu marido, porque um amante é mais líquido, nunca se sabe...
Um marido parece algo mais sólido.
Pelo menos, existe a lei, existe o tribunal, existe a polícia, existe o Estado, que dão certa solidez ao marido.
Um amante parece ser como um sonho: não tão substancial.
Assim que as pessoas se apaixonam, elas estão prontas para o casamento - tal é o medo do amor.
E seja quem for que amemos, começamos a tentar controlar.
Esse é o conflito que permanece entre esposas e maridos, mães e filhos, irmãos e irmãs, amigos - quem vai possuir quem?
Isso significa:
quem vai definir quem, quem vai reduzir quem a uma coisa?
Quem será o senhor e quem será o escravo?
Mulla Nasruddin sentou-se, resmungando, para beber; e um amigo lhe disse:
“Você parece mal hoje, Mulla.
O que houve?”
Nasruddin disse:
“Meu psicanalista disse que estou amando o meu guarda-chuva e que essa é a fonte dos meus problemas”.
“Amando seu guarda-chuva?!”
“É. Isso não é ridículo?
Ora, eu gosto dele, eu respeito o meu guarda-chuva, gosto da companhia dele.
Mas... amor?”
Mas o que mais é amor?
Se você aprecia a companhia do seu guarda-chuva, se você o respeita, se você gosta do seu guarda-chuva, o que mais é amor?
Amor é respeito, um tremendo respeito; amor é um gostar profundo; e amor é pura alegria com a presença daquele que você ama.
O que mais é amor?
Mas as pessoas amam coisas - uma necessidade profunda é, de alguma forma, preenchida por substitutos.
Lembre-se: a primeira calamidade é a pessoa tornar-se orientada-pela-cabeça.
A segunda calamidade é a pessoa começar a substituir a necessidade de amor por coisas.
Então, você está perdido, perdido na terra desértica.
Então, você nunca alcançará o oceano.
Então, você simplesmente se dissipará e evaporará.
Então, sua vida toda será um puro desperdício.
No momento em que você toma conhecimento de que é isso o que está acontecendo, mude o fluxo: faça todos os esforços para contatar novamente o coração.
É isso o que os bauls chamam de amor - refazer o contato com o coração para desfazer o que foi feito a você pela sociedade.
Osho
Semeador de Estelas
Osho, em "Vida, Amor e Riso"
Fonte: Blog Palavras de Osho
Osho, em "Vida, Amor e Riso"
Fonte: Blog Palavras de Osho
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